Montagem terá sessão esta semana no sábado, às 20 horas e no domingo, às 17 horas e às 20 horas. Maquiagem de Marie Thauront enfatiza sertão do espetáculo que recebeu quatro indicações para o Braskem
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Foto Agnes Cajaíba - Labfoto |
Na semana de encerramento de temporada no Teatro Vila Velha, o espetáculo As Velhas, baseado em texto da potiguar Lourdes Ramalho e dirigido por Luiz Marfuz, pode ser conferido neste sábado e domingo, dias 29 e 30 de janeiro, às 20 horas. No domingo, acontece uma sessão extra às 17 horas. A pauta da sexta-feira, dia 28, foi cedida pelos produtores da peça à cantora Maria Bethânia, que apresenta recital na Sala Principal.
Depois da estreia no Teatro Sesc-Senac, com apresentações de 18 de novembro a 4 de dezembro, As Velhas recebeu quatro indicações para o Prêmio Braskem de Teatro: espetáculo adulto, direção e atriz - em duas indicações, para Andrea Elia e Claudia di Moura. Os vencedores serão conhecidos durante cerimônia de premiação no Teatro Castro Alves, em data a ser definida.
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Foto Agnes Cajaíba - Labfoto |
A montagem é uma realização da Cardim Projetos e a produção de Kalik Produções Artísticas. O espetáculo foi selecionado pelo Edital Manoel Lopes Pontes de Apoio à Montagem de Espetáculos de Teatro - 2009, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Secult – Secretaria de Cultura. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia).
Transformação em bode
Sombra, blush, base e batom se somam a máscaras de látex e unhas postiças, na maquiagem criada pela especialista Marie Thauront para o espetáculo As Velhas. No palco, a proposta da especialista francesa é enfatizar o sertão subjetivo de seis personagens que sobrevivem à secura da terra, enquanto lidam com seus dramas pessoais.
O elenco de As Velhas é composto por Andréa Elia, Cláudia Di Moura, Anderson Dy Souza, Fernando Santana, Jussara Mathias e Jefferson Oliveira. Jefferson interpreta o caixeiro viajante Tomás, espécie de elo entre os núcleos da retirante Mariana (Cláudia) e a cigana Vina (Andrea), duas rivais no amor e na vida. O ator vai se transformando em um bode, na medida em que o espetáculo evolui.
Foi dele a ideia de incluir um dos elementos cênicos mais impactantes da maquiagem do seu personagem. “Jefferson trouxe várias ideias para seu visual, e uma das que ficaram foram essas unhas nojentas, que ele cola com muito esmero antes das apresentações”, narra Marie, que pôs em prática, também, o cabelo vermelho de Tomás, simbolizando uma juba.
A maquiadora diz que para construir a maquiagem de um espetáculo, procura ouvir bastante o diretor e os atores e trazer soluções técnicas para seus desejos, alem de sinalizar os limites impostos pelo tempo, o calor, às vezes o dinheiro disponível. “Também procuro contribuir criativamente com minhas ideias, minha bagagem, meus interesses”, conclui.
Marie Thauront se formou na Escola de Maquiagem Christian Chauveau (Paris) em 1986 e a partir dali atuou no mercado publicitário de Salvador. Em 1996 passou a trabalhar na área cênica e foi premiada por Seu Bonfim, de Fábio Vidal. Atualmente assina maquiagem de As Velhas e ainda de Luz negra (de Rino Carvalho) e de História de uma lágrima furtiva de Cordel (Cris Barreto).
POCKET-ENTREVISTA COM MARIE THAURONT
PERGUNTA – Luiz Marfuz aponta para nuances de animais, nos personagens de As Velhas. Como você levou esta noção para o seu trabalho?
MARIE THAURONT - A concepção da maquiagem de As velhas se construiu conversando com Marfuz e com os atores. Gosto de trabalhar com Marfuz porque ele convida a equipe técnica a participar do processo de montagem com bastante antecedência em relação à estreia, e isso permite fazer experiências, ver o que funciona ou não, com muito diálogo. No caso de As velhas, a maior preocupação dele era em relação à proximidade do público: ele não queria um envelhecimento nas mães que aparecesse como uma maquiagem, por exemplo. Também tinha uma vontade de encontrar um signo, o signo da peça, sem necessidade de realismo ou de algo figurativo. Por isso os animais não foram levados em consideração na elaboração da maquiagem, e nem os signos típicos do sertão como a poeira, a terra, o ocre. Preferimos apostar no vermelho, já presente no cenário e no figurino: uma saturação dessa cor cheia de simbolismo. A partir daí, foi achar onde cada um dos personagens carregaria seu signo vermelho.
P – As unhas usadas por Jefferson nos pés são enormes. Fale sobre os elementos que ele usa na construção do seu trabalho.
MT - Ainda bem que as unhas de Jefferson são postiças! Tomás é um personagem um pouco à parte dos outros, é o único que não tem laços familiares, é ele que marca o tempo e é o único que faz um bicho de fato no final.
P - Como é atuar na área teatral, de que forma você busca um resultado cênico surpreendente?
MT - Gosto muito de trabalhar com teatro, sentir que posso contribuir com o resultado final de uma montagem, e até no processo de construção, pois a maquiagem traz elementos para os atores. Gosto muito dessa troca no camarim com os atores. Gosto do caráter experimental, artesanal, de procurar estéticas interessantes e da criatividade que precisamos exercitar sempre, pois cada espetáculo é um universo em si, mesmo que a gente traga uma bagagem cada vez maior, temos que inventar, construir sempre, e em conjunto.
P - Está com novos planos profissionais?
MT - Atualmente estou cursando Belas Artes e essa é a novidade para mim no campo profissional, pois está me abrindo para novos horizontes, conhecendo gente, técnicas, livros... enfim: o mundo acadêmico. Isso está me despertando novas vontades em relação a meu ofício: olhares mais artísticos, expressões mais pessoais. Mas por enquanto, nada de concreto! Estou também numa trilha de passar meus conhecimentos adiante, dando aula, e consegui montar um curso de maquiagem que considero interessante, que realizei no primeiro semestre, graças a um edital da Funceb. Tenho muita vontade de continuar ensinando. Mas não quero me afastar do teatro, do criar em grupo.
SERVIÇO
As Velhas – espetáculo teatral
Quando: sábado, dia 29, às 20 horas e domingo, dia 30, às 17 horas e às 20 horas
Local: Teatro Vila Velha, Palco Principal
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Texto da Assessoria de Imprensa